13 de outubro de 2009

ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

Já comentei que falar da EJA para mim é sempre muito bom.
Nesta interdisciplina, fizemos a leitura do texto HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992, para posterior discussão no fórum. Reproduzo aqui algumas de minhas participações, que demonstram minha aprendizagem.

Como professora da EJA por mais de nove anos, concordo com a autora quanto aos desafios enfrentados pelos professores nesta modalidade de ensino. Além da diversificação de temas a serem trabalhados, enfrentamos a falta de motivação dos alunos, seu cansaço, seus problemas familiares, o grande número de faltas e a evasão.Esses alunos, quando vem para a EJA, trazem a imagem da experiência que tiveram quando crianças, então querem \"quadro cheio\", muitos conteúdos e por isso não aceitam as diferentes formas que procuramos trabalhar.A maior dificuldade realmente é a evasão, por vários fatores e entre eles destaco o cansaço depois do trabalho, a lentidão no aprender, a conciliação de horários e sem contar que muitos não tem dinheiro para pagar a passagem até a escola.Como cita a autora, realmente a escolarização tem menor peso em relação a sua sobrevivência. Então preferem abandonar a escola, principalmente quando tem um emprego ou um sub-emprego, mas é o que lhes da suporte na alimentação, moradia e outras necessidades pessoais e familiares.`Para suprir estas necessidades, deixam sua escolarização de lado, até porque, em muitos casos, a escola os faz pensar sobre suas realidades. Essas realidades lhes impoem conflitos. Muitos buscam a recuperação ou conquista de um lugar melhor na sociedade e outros simplesmente abandonam, achando que não irão conseguir, interrompendo seus sonhos.Para ilustrar tenho a história de uma aluna que trabalhava como cozinheira e sustentava a família toda. As filhas não conseguiam emprego e o marido havia sido demitido. Ela sempre contava sobre o sonho que tinha de mudar de vida. Trabalhávamos muito sobre temas como realização de nossos sonhos, melhoria de emprego, mercado de trabalho, mudança de emprego, entre outros.Ela correu atrás, mudou de estado, batalhou e hoje é dona de restaurante, onde trabalha com toda família. Mantemos contato até hoje e o que ela sempre me diz é que foram nossas aulas que deram força para ela perseguir seu sonho e torná-lo realidade.

Quanto a formação de professores para trabalhar com alunos da EJA, mais uma vez concordo com a autora, pois quando comecei a trabalhar com adultos não tinha nenhuma experiência e foi um grande desafio. Tivemos alguns poucos cursos de formação que praticamente nada acrescentaram. A experiência vem com a prática. Erramos algumas vezes, outras acertamos e com adaptações vamos encontrando o caminho. São frustações e alegrias acumuladas que nos dão força para ir em frente.\"... a prática da sala de aula, nos momentos de leitura da palavra, não pode ser contraditória com a leitura do mundo.\" Esta frase lembrou-me um episódio que ocorreu num primeiro dia de aula, onde os alunos deveriam colocar oralmente sobre os objetivos de estarem ali. Uma das respostas foi: \"quero fazer minha carteira de motorista\". Essa resposta, de um senhor de cinquenta anos, que mal conseguia escrever seu nome e ler algumas palavras, levou-me a pensar o como trabalhar com ele. Enfim, naquele mês todos nós ficamos conhecendo muito sobre trânsito. Também imprimi algumas provas teóricas e meu aluno estudou bastante em casa. Finalmente ele conseguiu o seu objetivo: tirar sua carteira de motorista



3 comentários:

Patricia Grasel disse...

Oi Cleide,
Legal ler sua reflexões no fórum proposto pela interdisciplina de EJA, realmente você traz uma fala significativa. Ao ler sua posategm não pude deixar de ficar curiosa em saber um pouco mais de suas aprendizagens, pois através de suas postagens eu fiquei com gostinho de quero mais. rsrsrs.
Minha pergunta para você é a seguinte o que realmente você está aprendendo de nova com a interdisciplina de EJA, você já atuou com EJA, seus estudos com essa interdisciplina estão refletindo em sua ação de professora, mesmo que fora do contexto de educação de jovens e adultos?
Bom, não precisa correr para responder, pense, refleta e depois voltarei para conversamos mais. Minha ideia com essas perguntas é te provocar a pensar sobre os reflexões de seu estudo com EJA em sa construção do conhecimento.
Bjokas

cleide disse...

Patrícia, acho que minha postagem "história e políticas públicas da EJA" deve responder teua questionamentos.
Um abraço,
Cleide

Luciane Machado disse...

Cleide, muito boa sua análise sobre o texto da autora Regina Hara, e que bom trazeres tua experiência em Eja para confrontar com o texto.Pois é, a alfabetização é uma porta para várias realizações.
Em relaçao ao teu PA, acho que deverias mudar a cor do fundo, pois fica pesada a leitura, no mais tudo bem!!Bjs.