26 de novembro de 2008

PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Neste semestre as disciplinas estavam muito ligadas uma com a outra, o que colaborou, e muito,para a realização dos trabalhos. Leituras de uma disciplina complementava as leituras de outra.
Em Organização e Gestão da Educação, participamos de um Fórum sobre Profissionais da Educação, após muitas leituras. Coloco aqui as minhas participações e sugiro que quem tiver oportunidade de ler todo o conteúdo o faça, pois na grande maioria das postagens está a indignação de todos nós professores. Posso dizer que o PEAD muito tem contribuído para esclarecimentos e dúvidas que eu tinha e com certeza está "abraindo meus olhos" em muitos aspectos.

FÓRUM:

Sou professora nomeada no município de São Leopoldo, com dois cargos (40 horas). No primeiro há quase 29 anos e no segundo há 8. Em meu município temos um Plano de Carreira que contempla horas " atividade e horas " aula. Para as " horas atividade", temos um segundo professor que chamamos de P2, que trabalha com a turma. O Plano de Carreira prevê duas formas de progressão: a horizontal, que é feita através de letras, onde a valorização é pequena (a cada 1065 dias, mais ou menos 30 reais) e a vertical, sendo que nesta, a remuneração para a graduação é de 20% sobre o básico (que é mais ou menos 800 reais) e para a pós 30% do mesmo básico. Considero importante termos nosso Plano de Carreira, mas ele ainda está defasado em relação aos avanços financeiros. Acho injusto uma pessoa estudar quatro anos, para que no final seu salário seja reajustado em 160 reais(mais ou menos). Não tenho condições de trabalhar somente 20 horas, então preciso estudar à noite e nos finais de semana, privando-me de minha família. Minha formação superior está me ajudando para mudar minha prática pedagógica, porém não me dá suporte para lidar com a realidade que encontro na escola, pois os recursos são insuficientes, o número de alunos é muito elevado, faltam materiais e professores. As famílias não participam da vida escolar e cada vez mais o professor deve dar conta de tudo. Não considero meu salário baixo, mas é insuficiente para o mundo em que vivemos. O piso nacional de 950 reais por 40 horas de trabalho avalio como ridículo, até uma ofensa, pois por 20 horas o município de São Leopoldo para quase isso, e já é pouco. O sindicato de nossa classe aqui em São Leopoldo é o CEPROL. Já participei ativamente dele, porém nos últimos tempos me afastei, pois o mesmo tem ficado nas mãos das mesmas pessoas, que estão modificando sua caracterização, transformando-o em trampolim para a política ao invés de ser uma entidade que luta por sua classe.

Continuando minhas considerações...
Acredito que as condições de trabalho dos docentes hoje estão muito precárias.
Hoje as escolas estão abarrotadas de alunos.
Um belo auditório deixa de sê-lo, para transformar-se em sala de aula. E aí, recursos como vídeo, DVD, entre outros, deixam de ser utilizados com os alunos.
Uma biblioteca invejável, com muitos recursos, pode ser utilizada duas vezes por semana somente para pesquisa dos alunos porque foi “transformada” em sala de projetos e de reforço. E quando o professor pode usar esses recursos com seus alunos?
Uma simples brincadeira no pátio fica prejudicada porque os materiais disponíveis para isto estão em estado precário.
Sem falar na falta de professores. Muitos estão afastados por depressão, stres ou outros tipos de doença decorrente da profissão.
Mas mesmo assim não desistimos, acreditamos que vai melhorar.
Nosso salário mal dá para o básico. Pensar em uma formação? Um livro? Uma assinatura de revista? Um bom curso de aperfeiçoamento? Nada disso, porque senão o salário não chega ao fim do mês... Mas vamos seguindo, mesmo enxergando as injustiças, mesmo vendo que alguns ganham tanto sem merecer, sem fazer nada de bom, às vezes até roubando da população que é tão carente de tudo. Algum dia isto vai mudar? Quando os professores serão realmente valorizados?

Um comentário:

Luciane Machado disse...

Cleide,com toda essa situação, só teremos voz quandoa classe se unir, como fazem os outros profissionais.
é um desrespeito total.Beijão.