A Coruja e o Rouxinol
Pierre de Craon
Coruja? rouxinol? Se fosse para escolher, à primeira vista, sem hesitar, todos escolheriam o rouxinol, porque ele é a beleza, a graça, o sol, a vida.
A coruja é feia. Ela é a noite, é a morte. Ela é o ódio a luz, ela representa o mal. Quem poderia, nesse sentido, preferir a coruja?
Contudo, há também um significado legítimo e bom na coruja. Ela vê no escuro, por isso, sempre simbolizou a filosofia, que permite ver nas questões obscuras. Onde o homem comum nada percebe, o filósofo vê e compreende. A coruja representa assim o saber filosófico, a teoria pura, a ciência abstrata e, nesse sentido, é símbolo de um bem.
O rouxinol é a poesia. Até em seu nome parece haver um trinado sonoro. Ele é um raio de sol cantando. A coruja é a luz intelectual. Não há escuridão para seus olhos argutos.
Entre a coruja e o rouxinol, qual escolher?
A sabedoria é desejável e a beleza é amável. A filosofia ilumina. A poesia encanta. Preferir o saber, excluindo a beleza? Escravizar-se a beleza e repelir a sabedoria?
Entre a coruja e o rouxinol, qual escolher?
Santa Teresinha dizia: "Eu escolho tudo".
Assim também nós. Nós escolhemos a coruja e o rouxinol. Queremos a sabedoria e a beleza, a ciência e a poesia, a luz e a música. Porque sabedoria e beleza são inseparáveis. Escolhemos tudo porque sabemos que a sabedoria é formosa e que toda beleza possui o brilho da verdade. Coruja e rouxinol se completam.
Hoje me deparei com a poesia CORUJA DO CAMPO, de Jaime Caetano Braum. Sugestão de leitura da professora Silvia. Ali, o autor diz que a coruja vem cantar coisas amargas, penas e dores. Que é temida, traz maus presságios.
Então, busquei parte da poesia de Pierre de Craon. Se a coruja lembra a morte, SÓ HÁ MORTE ONDE EXISTE VIDA, então, somos todos corujas e também rouxinóis, porque buscamos a sabedoria, o bem e a verdade. Aprendamos, então, com a coruja e o rouxinol.